A transmissão vertical do HIV, que ocorre da mãe para filho durante a gravidez, parto ou amamentação, continua a ser um desafio significativo na luta contra a epidemia do HIV. Em países como Moçambique, onde a prevalência da doença é alta, a prevenção nesta fase crítica é uma prioridade de saúde pública. Na província da Zambézia, diversas iniciativas estão em curso para garantir que mães e crianças tenham um começo de vida saudável, livre do vírus.
Estima-se que uma significativa percentagem de mulheres grávidas seja portadora do HIV. A prevenção vertical é uma estratégia essencial que envolve várias acções, desde o diagnóstico precoce até o tratamento antirretroviral, proporcionando às gestantes a oportunidade de ter filhos saudáveis. Compreender a magnitude do problema e os esforços direccionados à sua mitigação é fundamental para a efectividade das políticas de saúde.
Com apoio da C-Saúde, as profissionais de saúde na Zambézia têm se mobilizado em torno de programas de assistência que visam não apenas tratar, mas também educar. Em entrevistas com as Enfermeiras de Saúde Materno Infantil (ESMI), que actuam na unidade sanitária de Nicoadala sede, foi destacado o impacto das sessões de pré-natal que incluem o teste de HIV e a orientação sobre o uso do tratamento antirretroviral. "É vital que as mulheres entendam que, com o tratamento adequado, podem ter bebês saudáveis e livres do HIV", afirmou Lizete Manuel, uma enfermeira de SMI.
Além disso, campanhas de sensibilização comunitária têm sido organizadas, levando informação a áreas remotas. Agentes comunitários de saúde têm realizado palestras e distribuído materiais informativos sobre a prevenção do HIV, abordando mitos e realidades que ainda cercam o tema.
Madalena Jamal, uma jovem mãe de três filhos, partilha sua experiência: "Quando soube que era HIV positivo, pensei que não teria esperança. Mas com o apoio do hospital e do tratamento, consegui ter meu último filho sem o vírus. Ele é saudável e feliz." Essa narrativa destaca não apenas a importância da prevenção vertical, mas também o impacto transformador que pode ter na saúde das mães e dos recém-nascidos
Apesar dos progressos, desafios significativos permanecem. O estigma social associado ao HIV ainda impede muitas mulheres de procurarem os serviços de saúde. Além disso, a falta de recursos em algumas áreas e o acesso limitado a ao parto na maternidade e outros cuidados de saúde de qualidade dificultam a implementação eficaz dos programas de prevenção.
Para fazer face a estas barreiras a C-Saúde encontra soluções na capacitação de líderes comunitários e religiosos, matronas e parteiras tradicionais, que actuam como defensores da saúde e na mobilização das mulheres grávidas e lactantes para o acesso aos cuidados de saúde.

Lizete Manuel, provedora de saúde, realiza o aconselhamento sobre o PTV (Prevenção da Transmissão Vertical) utilizando um guião para incentivar a desão das mulheres grávidas