Ivanilde Lampião, uma mulher corajosa de 37 anos, reside na comunidade de Magodone no distrito de Nicoadala e sua trajetória de vida é um verdadeiro símbolo de resiliência e transformação. Há mais de uma década, em 2008, ela recebeu um diagnóstico que mudaria sua vida para sempre: HIV positivo. A notícia chegou após a morte repentina de seu marido, um momento devastador que quase a fez perder a esperança.
Inicialmente, ao saber do diagnóstico, Ivanilde lutou contra a realidade. A recusa em aceitar o resultado a levou a viajar até Quelimane para reafirmar seus temores. Infelizmente, a confirmação do vírus não apenas trouxe desespero, mas também a necessidade urgente de enfrentar uma nova realidade.
Nos anos que se seguiram, Ivanilde iniciou o tratamento, mas a falta de adesão regular às medicações quase custou sua vida. Em 2010, a tuberculose se manifestou em seu corpo debilitado, levando-a a uma internação onde, finalmente, viu a luz do entendimento. Após receber o tratamento adequado para a tuberculose, ela percebeu que a única maneira de reverter o quadro e reconstruir sua saúde era seguir o tratamento do HIV com a mesma determinação.
" Eu estava muito doente, sem forças para andar. Não hesitei, decidi cumprir com o tratamento,’", relata Ivanilde, agora com uma voz forte e decisiva.
O que aconteceu em seguida foi nada menos que uma reinvenção. Desafiando as probabilidades, Ivanilde não apenas superou a tuberculose, mas também se comprometeu de coração ao tratamento antirretroviral (TARV). Com disciplina e coragem, ela conquistou o status de carga viral indetectável, tornando-se uma verdadeira inspiração.
Não satisfeita apenas em cuidar de sua saúde, Ivanilde transformou sua dor em poder. Tornou-se uma paciente ativista, sendo frequentemente convidada por profissionais de saúde para compartilhar sua história. Com empatia e carinho, começou a trabalhar na unidade sanitária, motivando outros a aceitarem o tratamento que ela mesma havia abraçado.
Em setembro de 2020, sua jornada de empoderamento ganhou uma nova dimensão quando foi convidada para se tornar uma voluntária de saúde comunitária. Com entusiasmo, Ivanilde participou da formação e abraçou a tarefa de buscar pacientes que relutantam em continuar com o tratamento.
"Meu dever é aconselhar as pessoas a conhecerem seu estado e a seguirem com o tratamento. Especialmente os homens, que muitas vezes lutam contra a vergonha e a negação. Não sinto vergonha de compartilhar minha história, pois hoje vivo saudável e sei que, fazendo corretamente o TARV, não preciso ter medo da doença,” afirma Ivanilde com um sorriso de esperança.
Ivanilde Lampião não é apenas uma sobrevivente; ela é uma verdadeira guerreira e uma voz poderosa na luta contra o HIV. Sua história é um farol de esperança, um lembrete de que, mesmo nas situações mais sombrias, a coragem e a determinação podem nos levar à luz. Sua mensagem é clara: não estamos sozinhos, e o tratamento pode transformar não apenas vidas, mas também comunidades inteiras.
